sábado, 10 de novembro de 2007

Matemática como arte

John William Navin Sullivanin
"The World Of Mathematics".
Washington: Tempus Books.
Volume III, pp. 1989-1995.
O prestígio de que gozam os matemáticos em todos os países civilizados não é fácil de entender. O que é valorizado pela generalidade dos homens ou é útil ou dá prazer, ou ambas as coisas. A agricultura é sem dúvida uma ocupação válida, assim como tocar piano. Mas porque serão as atividades dos matemáticos consideradas importantes? Pode dizer-se que a matemática é válida pelas suas aplicações. Todos sabemos que a civilização moderna, numa extensão sem precedentes, depende da ciência e, grande parte, essa ciência seria impossível na ausência de matemáticas altamente desenvolvidas. Isto é sem dúvida uma consideração importante. É também verdade que a matemática tem beneficiado com a crescente importância atribuída à ciência como conseqüência das "magníficas" capacidades reveladas na última guerra. Mas é duvidoso que esta consideração por si só seja adequada para explicar a elevada posição que a matemática tem tido ao longo de grande parte da sua história. Por outro lado, não parece que possamos atribuir muita importância à idéia defendida por muitos matemáticos de que a sua ciência é uma arte deliciosa. Esta afirmação é sem dúvida justificada. Mas o fato de que, muito poucos indivíduos retirem grande prazer em incompreensíveis projetos não é razão para que o homem comum os deve admirar e suportar. O professorado do xadrez não está estabelecido, mas existem provavelmente mais pessoas que apreciam as "belezas" do xadrez do que as da matemática. A posição atualmente atribuída à matemática pelo público não matemático deve-se em parte à utilidade da matemática e em parte à persistência, numa forma mais ou menos vaga, de idéias idosas e erradas relativas ao seu real significado. Apenas em tempos mais recentes, o correto estatuto da matemática foi descoberto. Contudo, existem ainda muitos e aspectos importantes desta maravilhosa atividade que continuam misteriosos.
Para visualizar o artigo completo click AQUI

Matemática Visual


A Pedagogia Geométrica da Imagem

Donizetti F. Louro*
Desde o início deste século já se acumularam inúmeras fontes de comparação da matemática com a arte, de forma conceitual e científica. Cada vez mais o público em geral fica a par de situações em que a matemática e a arte caminham de mãos dadas, objetivando inter-relações que tornam a matemática mais atraente. O Homem, desde os áureos tempos da caverna já se utilizava de registros através de suas linguagens, mesmo sem o rigor e abstração dos matemáticos, especificamente dos geômetras, que somente teve início em milhares de anos mais tarde próximo ao ano zero cristão. A partir daí a abstração (processo de reflexão e contextualização dos geômetras da época) torna-se um alvo-mater dos pensadores e começa uma nova era na utilização de números, proporções, simetrias, ilusões de óptica, geometrias projetivas, perspectivas e razões áureas em expressões artísticas de diferentes linguagens das artes visuais; das linguagens tradicionais como a pintura, a gravura, a escultura e a arquitetura às linguagens contemporâneas, digitais e de síntese, instalações, infografias, holografias ou simulações, são alguns exemplos que evidenciam o uso intuitivo ou intencional de conceitos matemáticos por artesãos e artistas na busca do equilíbrio e da harmonia estética[1]. Se analisarmos a construção das Tipis dos índios Sioux nos EUA, poderemos constatar uma geometria inata à cultura religiosa daquele povo, além da produção artística indígena no Brasil, na África, e em diversas outras culturas que mostram claramente que mesmo as pessoas que não possuem conhecimento matemático acadêmico podem ter um sentido inato das formas geométricas.
Para visualizar o artigo completo click AQUI

O que é etnomatemática?

O PROGRAMA ETNOMATEMÁTICA E QUESTÕES HISTORIOGRÁFICAS E METODOLÓGICAS

por Ubiratan D'Ambrosio

VI Congresso Brasileiro de Filosofia, São Paulo, 6/09/99

    "l’histoire des sciences est avant tout l’histoire de leurs sprit philosophique, de la représentation que les hommes se sont faits à chaque instant de l’univers, quand ils essayent de la préciser et de la légitimer, d’apporter leurs preuves et leurs raisons aussi loin qu’ils le peuvent".
    Abel Rey, 1935.

      Ao abordar o conhecimento matemático, ao tomar como referência a ciência acadêmica, ficam privilegiados uma determinada região e um momento na evolução da humanidade. De fato, quando nos referimos à Matemática estamos identificando o conhecimento que se originou nas regiões banhadas pelo Mar Mediterrâneo. Mesmo reconhecendo que outras culturas tiveram influência na evolução dessa forma de conhecimento, sua organização intelectual e social é devida aos povos dessas regiões. Por razões várias, ainda pouco explicadas, a civilização ocidental, que resultou dessas culturas, veio a se impor a todo o planeta. Com ela, a Matemática, cuja origem se traça às civilizações mediterrâneas, particularmente à Grécia antiga, também se impôs a todo o mundo.
      Ao atentar nos modos como o processo de evolução da humanidade é descrito, analisado, interpretado e usado nas várias maneiras de se organizar o conhecimento histórico, surgem algumas questões que discutirei a seguir. Mesmo adotando uma postura holística, vou dar maior atenção à história do conhecimento científico, em particular matemático.
      Para visualizar o artigo compleo click AQUI